31 ago Martha Gabriel dá dicas para mentes mais criativas durante Encontro Unicamp Ventures
Por Juliana Ewers
Banho, café e cama. Olhando assim, a receita para ter boas ideias até parece fácil. E foi exatamente dessa maneira, listando esses três exemplos, que Martha Gabriel, ex-aluna da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e best-seller, resumiu de que forma as pessoas podem se tornar mais criativas e, consequentemente, alavancar empresas mais inovadoras. A dica foi dada durante o 11º Encontro Unicamp Ventures, realizado na última sexta-feira.
Segundo Martha, a velocidade de processos de mudança vertiginosos tem lançado novos desafios e gerado uma reconfiguração não só de comportamento das pessoas, mas que combina também: corpo, cérebro e relacionamento social. “A tecnologia tem sido o drive dessa mudança. Por isso, cada vez mais as pessoas necessitam ser mais criativas para alavancar negócios de impacto”, afirmou.
Para mensurar isso, uma comparação simples: o rádio, como meio de comunicação, demorou 38 anos para alcançar a marca de 50 milhões de pessoas, enquanto o WhatsApp consegue incorporar à sua rede o mesmo número de pessoas em apenas um mês.
Essa é só uma das tantas mudanças que vivenciamos nos últimos anos. O que antes levava questão de gerações para ser alterado, hoje é capaz de causar uma reviravolta em apenas um ano. “A questão é que: para cada mudança, surge um novo problema. E para resolver novos problemas, eu preciso de novas habilidades”, destacou a palestrante.
Quais seriam elas?
Com a mudança da “Era da Informação” para a “Era da Inovação”, é importante fazer o filtro correto para identificar oportunidades. E, nesse sentido, as habilidades necessárias, de acordo com Martha, são:
- Pensamento crítico: pensar, analisar, e identificar ameaças e oportunidades
- Criatividade: desenvolver o processo mental de geração de ideias e conceitos. De que forma é possível aproveitar as oportunidades verificadas?
- Conexão: fomentar um ecossistema de colaboração, que una pessoas e tecnologias.
“Só que isso não se aprende na faculdade”, completou Martha.
Mas então, como alcançá-las?
A criatividade vem do estímulo. Dessa maneira, é primordial que esse seja um exercício constante. “Nossa criatividade tende a se contrair à medida em que nosso conhecimento e julgamento se expandem. Fica no automático. Seu cérebro não registra nada. Por isso, é preciso esquecer o julgamento e o conhecimento, e se abrir para o restante”, afirmou.
A criatividade é um atributo individual, uma habilidade humana. Já a capacidade de inovação é inerente às empresas. Sendo assim, alguns elementos devem convergir para que o processo criativo flua e resulte em inovação.
Alguns incentivos são: ter oportunidade de treino (colocar as habilidades em desenvolvimento), ter liberdade de criação e ter coragem para criar. “Quanto mais ideias você tem, mais chance você tem de ter boas ideias.”
O ambiente exerce um papel importante no processo criativo. “Já reparou que algumas vezes travamos em um projeto e paramos para tomar um cafezinho. Ao sentar na copa, questão de cinco minutos, nosso cérebro já nos dá várias ideias.”, exemplifica Martha Gabriel.
Ela explica: a visão consome 83% da percepção do ser humano. Assim, ambientes que não tomem tanta atenção da nossa visão nos fazem aflorar os outros sentidos. “É a união do quentinho do copo, tato; cheirinho de café, olfato; gostinho da bebida, paladar. Que, combinados, geram uma nova experiência para a pessoa”, disse Martha Gabriel. “O dia que fizerem uma copa com vista panorâmica, acabou o processo criativo lá”, brincou.
Outra experiência que provoca efeito semelhante é o banho. Como a pessoa comumente está em um box, fechado, sem muita coisa para prestar atenção, os demais sentidos também são liberados e a pessoa tende a ter mais ideias.
Durante o processo criativo, o surgimento de várias ideias é normal. Mas aí vem a dúvida: qual a melhor delas? Aí que entra a última dica: durma e descubra.
De acordo com Martha Gabriel, o cérebro tira as incongruências das ideias de criação. “Quanto mais dias você acordar com o coração batendo forte, mais certo você estará de que aquelas são boas ideias”.
Em resumo: banho, café e cama. “É simples, né? Tudo o que nós já estávamos acostumados a fazer”, disse a palestrante sorrindo.
Para dar gás a esse processo criativo, aí vão mais algumas dicas de Martha Gabriel:
- Neuróbica
É a ginástica para o cérebro. “Faça coisas de formas diferentes e aprenda coisas novas. Isso te faz pensar. Tocar instrumentos musicais e aprender novos idiomas cria neurônios. Isso é fantástico. ”
- Repertório
Só tem repertório quem é curioso. Desta maneira, a pessoa cria novas associações. “Tem uma informação? Imite aplicando aquilo a sua realidade. Dali, nascerá uma inovação. ”
- Desapego
Recalcule a rota se for necessário. “Não se prenda a uma mesma ideia, mesmo se ela der certo. Aprenda a desapegar porque o mundo muda rápido demais e logo ela pode não ser mais uma boa ideia”, finalizou Martha.