26 jun Unicamp Ventures trata em webinar de cooperação e tecnologia nacional no setor do Agronegócio
Por Karen Canto
A capacidade de atuar com inovação e empreendedorismo, apresentando soluções práticas e eficientes aos desafios do agronegócio, foi o destaque do Webinar: Empresas-filhas da Unicamp e a Inovação no Agronegócio. O evento promovido na última quarta-feira, 24 de junho, pelo grupo Unicamp Ventures em parceria com a Agência de Inovação Inova Unicamp abordou a atuação das empresas-filhas da Unicamp no setor que é um dos mais ativos e produtivos da economia.
O primeiro bloco contou com a abertura do evento por José Augusto Moura, presidente do grupo Unicamp Ventures (UV) e com a participação do Professor Newton Frateschi, diretor-executivo da Inova Unicamp e presidente do conselho UV, que abordaram a importância da cooperação universidade-empresa para o setor e o papel das empresas-filhas. No segundo bloco, a mesa de debates “Empreendedorismo e Inovação no setor do Agronegócio” foi moderada por Ricardo Campo, gestor do Pulse Hub de Inovação e teve a participação de Efraim Albrecht Neto, sócio fundador da Agricef e Conselheiro do UV e Rodrigo Morales, Gerente Corporativo de Operações da empresa Raízen.
A gravação do webinar está disponível no Youtube da Agência: https://www.youtube.com/watch?v=zF8OzizggIU
Confira a seguir os destaques do evento online:
Na abertura do evento, José Moura destacou o papel do Unicamp Ventures em conectar empresas-filhas da Unicamp e potencializar a interação entre elas, promovendo parcerias e formas de cooperação. Desde 2018, o grupo vem desenvolvendo estratégias para aproximar os empreendedores ligados à Rede como encontros anuais e Meetups. Com a crise, a agenda de eventos presenciais foi afetada: “Cancelamos os encontros nos meses de março e maio e agora, com o suporte da Inova, temos esse novo formato de interação, com eventos programados até setembro. Torcemos para quem em outubro estejamos juntos de forma presencial”.
O professor Newton Frateschi demonstrou a importância da interação universidade-empresa no setor do agronegócio, destacando o papel da Faculdade de Engenharia Agrícola (FEAGRI). “A FEAGRI vem atuando com excelência na formação de profissionais que deixam a universidade aliando conhecimento e perfil empreendedor. Além disso, conta com um portfólio de patentes competitivo, com 31 pedidos vigentes e 14 programas de computador concedidos.”
Frateschi elencou dois pontos importantes para a interação universidade-empresa: a existência de um Parque Científico e Tecnológico num centro de formação como a Unicamp; e a atuação de uma Agência de Inovação capaz de fazer a interlocução com as empresas, como é o caso da Inova Unicamp. Entre as empresas-filhas da Unicamp, atualmente treze atuam na área de agricultura e saúde animal, com destaque para a empresas-filhas Neger Telecom, a Eacea, especializada em cultivos protegidos, e a Agricef, que foi tema do debate seguinte.
Na mesa de debates, os participantes discutiram o papel que as parcerias estratégicas entre grandes empresas e startups desempenham na resolução de problemas relacionados ao agronegócio, o que Ricardo Campo chamou de “um jeito novo de solucionar problemas”. Campo contou sobre como o Pulse, Hub de inovação da Raízen, vem se consolidando como um ponto de encontro para que startups, grandes corporações, investidores e universidades atuem de forma colaborativa na indústria e no agronegócio: “Através do conceito de inovação aberta, empresas e instituições focadas no agronegócio são capazes de atuar de forma conjunta e complementar para atender as demandas existentes”.
A pareceria entre a Startup Agricef e a empresa integrada de energia Raízen, foi um dos temas do debate. Segundo Efraim Albrecht Neto, essa cooperação alia o know-how adquirido na universidade, à agilidade da startup e ao espaço para teste em campo, oferecido pelas empresas. Sócio fundador da empresa-filha da Unicamp Agricef, Efraim explica que com a inovação aberta é possível pensar no potencial que cada empresa tem para agregar e gerar valor, e acrescenta: “Se tem um lugar para testar inovação em cana-de-açúcar, esse lugar é a Raízen, que representa muito mais do que um campo para testes”. Efraim conta que é muito comum no começo de suas atividades, startups tentarem abraçar o mundo e resolver as próprias demandas, “mas existem situações em que atuar de forma conjunta é muito mais eficiente”.
Para Rodrigo Morales, da Raízen, essa parceria é estratégica e traz benefícios a todos os envolvidos: “A parceria da startup com uma grande empresa permite facilidade de inovação à empresa e leva, à startup, o investimento necessário para que tirem suas ideias do papel”. Morales destaca também que a inovação no agronegócio é um caminho sem volta e que quem não está pronto para acompanhar, precisa se preparar: “Atualmente é preciso ter inovação para manter ou aumentar a produção e, nesse sentido, o relacionamento com a universidade é fundamental pois dá a base científica necessária para que as empresas possam inovar”.
Ao final do debate, os participantes responderam algumas perguntas enviadas pelo público. Questionado se o agronegócio brasileiro é capaz de competir com a tecnologia desenvolvida no mundo, Ricardo Campo diz que esse é um desafio global, mas que o Brasil já adota tecnologia de ponta há muito tempo e hoje não apenas consegue competir mas também exportar tecnologia: “O Brasil é um terreno amplo para validação de tecnologias no agronegócio. Uma vez validada aqui, uma tecnologia pode ser estendida para o resto do mundo”.
Karen Canto é graduada e mestre em química pela UFRGS, doutora em Ciências pela Unicamp, aluna do curso de especialização em jornalismo científico Labjor/Unicamp e bolsista Mídia Ciência (Fapesp).