21 dez Debate sobre diversidade e gestão de talentos fecha série de Webinares do Unicamp Ventures
Por Thais Oliveira
A questão da representatividade de pessoas diversas nas empresas e startups ainda é um desafio. De acordo com mapeamento de comunidades realizado pela Associação Brasileira de Startups (ABStartups) e o Sebrae, apesar de 89,8% das startups apoiarem a diversidade, 26,6% delas não possui nenhuma mulher na equipe.
O tema de diversidade e inclusão foi pauta do Webinar: Gestão de Talentos do Unicamp Ventures (confira a gravação na íntegra aqui) e contou com a presença de profissionais de empresas que atuam diretamente no assunto. Monique Cerquiari, ex-aluna da Unicamp e co-fundadora da Tatu Cult, empresa de consultoria em diversidade e gestão de pessoas, apontou que a diversidade tem diversos conceitos, como gênero, raça, orientação sexual, deficiência e imigração.
Para a co-fundadora, é necessário olhar a diversidade não como um conjunto de diferenças, mas semelhanças. “Como incluir todos esses perfis nas organizações? Vamos substituir isso pela ideia de que as empresas são compostas por pessoas com múltiplas visões e experiências. E é esse grupo diverso proporciona benefícios no processo organizacional por ser menos resistente a mudanças, maior capacidade de adaptação e resiliência e mais comprometida com a imagem institucional”, comentou Cerquiari.
“A única instituição que pode resolver o problema da diversidade são as empresas”
Emerson Rodrigues, head de Cultura na Superlógica Tecnologias, compartilhou sua experiência na empresa que já nasceu diversa: Foi fundada por Carlos Cera e Lincoln César, que tinham uma diferença de 29 anos de idade. O head, que entrou na empresa já como líder, hoje faz parte dos 8,3% dos negros que ocupam um cargo de gerência no país, de acordo com uma pesquisa realizada pela Vagas.com.
Para Rodrigues, a pandemia serviu como um momento de reflexão quando ocorreram lives internas sendo a que mais repercutiu a da consciência negra, com a exposição do relato franco dos colaboradores negros. No próximo ano, ele comentou que a ideia é realizar as chamadas vagas afirmativas, que são as voltadas para um público específico como “vaga para programadoras negras” ou “vaga para analista de Rh LGBTI+”. O objetivo delas é captar pessoas que não se sentiriam incentivadas a se candidatar em vagas genéricas.
Sendo a empresa engajada na cultura da diversidade e no impulsionamento da empresa, ele transferiu para o contexto brasileiro uma citação de Janet Stovall, uma executiva especialista em comunicação. Ela apontou que nos Estados Unidos a única instituição que pode resolver o problema do racismo são as empresas.
Isso porque é o espaço onde 162 milhões de pessoas diversas convivem diariamente, diferente das universidades e das igrejas que abrigam apenas 20 milhões de estudantes e somente 35% da população as frequenta. “Tanto quanto para o racismo para outras formas de diversidade, acredito que as empresas têm o papel fundamental para fazer essa mudança da desigualdade como todo mundo sonha”, afirmou Rodrigues.
Como lidar com os talentos de forma remota?
Mércia Gerbase, diretora de RH na multinacional Capgemini contribui com sua visão como gestora de talentos. Ela acredita que na pandemia o fator de cultura organizacional se tornou preponderante e explicou que as empresas podem driblar tanto a evasão quanto à falta de motivação e infelicidade dos talentos por meio de uma boa comunicação.
A diretora comentou que apesar do digital, a interação não deve ser deixada de fora: “As pessoas precisam encontrar um ambiente feliz, inclusivo, estamos falando de talentos que têm as mesmas necessidades e demandas dos consumidores. Então, não se submetem a tratamentos não atenciosos, se queixam da falta de contato com o gestor, de feedback. E esses são os fatores que garantem a permanência das pessoas”, argumentou Gerbase.
Durante a conversa, surgiu a questão de as empresas fazerem kits de boas-vindas para pessoas recém contratadas e como recurso financeiro não é sinônimo de uma boa gestão de Rh. Nesse aspecto, Álvaro D’Alessandro, CEO da OAT Solutions, apresentou diversas formas de como se comunicar com os talentos de forma assertiva sem custos, com cartões virtuais, no envio de mensagens de incentivo via redes sociais e até uma chamada de vídeo descontraída para substituir a “hora do cafezinho” que acontecia presencialmente nas empresas.
D’Alessandro também apresentou uma série de ações que fazem parte do conceito Management 3.0, uma mentalidade que combina jogos e práticas para impulsionar as empresas a serem mais produtivas e ágeis. Nesse sistema a ideia é que se cuide das pessoas e que elas gerem o resultado.
“A liderança tem um papel predominante de liderar pela ação, pelo exemplo. A meta é que se construa uma cultura para que as pessoas possam falar abertamente, e que não precise mais existir uma reunião de feedback para se dizer o que pensa”, explicou o CEO.
Webinares Unicamp Ventures
O Webinar “Gestão de Talentos” foi patrocinado pela Agência Sabiá e pela OAT Solutions. Organizado pela Inova Unicamp e pelo grupo Unicamp Ventures, responsável pela gestão das empresas-filhas da Universidade, esse webinar foi o último de 2020. Ao todo, foram realizados seis webinares, que juntos somaram a audiência de mais de 1.135 pessoas.
Todos os eventos podem ser conferidos no canal do YouTube e se para mais informações sobre o ecossistema, acesse o site.