12 jun Empresas-filhas da Unicamp impulsionam inovação verde com relevância global e nacional
Lideradas por egressos da Universidade Estadual de Campinas, Ecomilhas firma projeto com a Ford nos EUA, Geonoma consolida parceria com o Governo do Tocantins e Instituto Axxus fortalece o conhecimento em inventário de GEE, demonstrando o impacto positivo do ecossistema de empresas-filhas da Unicamp
Texto: Vinicíos Rosa – Inova Unicamp | Fotos: Roberto Martins (captação) e Vinicíos Rosa (tratamento) – Inova Unicamp
O ecossistema de empresas-filhas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mapeado pela Agência de Inovação Inova Unicamp, se firma como pilar essencial na vanguarda da inovação verde ao gerar impacto socioambiental positivo de relevância global e nacional.
Essas empresas, fundadas por pessoas que têm ou tiveram vínculo com a Universidade, destacam-se pelas suas soluções inovadoras que aliam o progresso socioeconômico à proteção dos recursos naturais e à minimização dos danos ecológicos.
A Ecomilhas, a Geonoma e o Instituto Axxus são exemplos de empresas-filhas da Unicamp com casos de sucesso que contribuem, respectivamente, com a descarbonização, a geração de crédito de carbono e a realização de inventário de gases de efeito estufa (GEE).
ECOMILHAS: PROJETO DE DESCARBONIZAÇÃO É FIRMADO COM A FORD NOS EUA
A Ecomilhas, empresa-filha dedicada à descarbonização de deslocamentos urbanos por meio de um sistema digital de recompensa financeira, alcançou projeção global ao formalizar um case de descarbonização com a Ford Motor Company nos Estados Unidos.
Lucas Nicoleti apresentou o caso de sucesso da Ecomilhas em evento sobre inovação verde, organizado pela Inova Unicamp e Unicamp Ventures.
O sistema funciona a partir de um aplicativo móvel: o usuário registra seu itinerário, monitorado por GPS. Após a análise e a autenticação dos dados pela rede neural própria da Ecomilhas, apelidada carinhosamente de “Emilha”, o usuário recebe “ecomilhas”. Essa recompensa financeira é cumulativa e pode ser trocada por benefícios variados, incluindo descontos em sites e aplicativos de delivery, moda, compras e viagens. O valor da recompensa em “ecomilhas” varia conforme o modal de transporte escolhido e a quilometragem percorrida. A escolha por meios de transporte menos poluentes é priorizada e melhor recompensada.
Lucas Nicoleti, fundador e CEO da Ecomilhas e mestre em administração pela Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Unicamp, detalhou como a empresa está construindo uma cultura de mobilidade sustentável em ambientes corporativos como o da Ford, ao incentivar os colaboradores a se deslocarem de forma consciente.
A estratégia da Ecomilhas é transformar os funcionários e clientes em protagonistas na sustentabilidade, o que já gerou resultados significativos. Segundo a empresa, em apenas dois meses (abril a maio de 2025) de parceria com a Ford, a iniciativa resultou na redução de mais de 5 mil toneladas de CO2 equivalente e na distribuição de mais de R$ 10.400,00 em recompensas. Os dados foram auditados pela empresa Klynveld Peat Marwick Goerdeler (KPMG).
“Nossa proposta é recompensar quem usa modais menos poluentes. Oferecemos serviços para pessoas individuais e empresas que desejam incentivar e recompensar os deslocamentos de seus funcionários (casa-trabalho-casa) quando eles escolhem meios de transportes mais sustentáveis, como bicicleta, caminhada, ônibus, metrô ou veículos a etanol e elétricos. Isso funcionou muito bem com grandes contas, como a Ford nos EUA, onde nosso sistema se integra aos programas de benefícios para clientes e funcionários, permitindo que pontos gerados por um carro elétrico, por exemplo, se transformem em descontos na concessionária ou em parceiros. Queremos trazer essa lógica para o Brasil, pois acreditamos na justiça climática: é essencial recompensar quem escolhe meios de transporte mais sustentáveis para tornar a descarbonização acessível e vantajosa para todos”, afirma Lucas Nicoleti.
Saiba mais sobre o caso de sucesso da Ecomilhas nesta matéria!
GEONOMA: GERAÇÃO DE CRÉDITO DE CARBONO COM O GOVERNO DO TOCANTINS
No âmbito nacional, a Geonoma, empresa-filha da Unicamp com 15 anos de experiência, destaca-se por seu papel estratégico na geração de créditos de carbono. Um de seus casos de sucesso é a parceria com o Governo do Estado de Tocantins, no Programa Jurisdicional de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal em Países em Desenvolvimento do Tocantins (JREDD+).
O JREDD+ é uma iniciativa pioneira no Brasil que abrange os 27,7 milhões de hectares do Tocantins; visa a conservação das florestas e a redução das emissões de GEE do setor florestal e do uso da terra. O programa tomou forma em 2023, quando o Governo do Tocantins assinou o primeiro contrato de compra e venda de créditos com a Mercuria Energy Group, uma das maiores empresas globais de commodities. Segundo o Governo do Estado, o acordo prevê que a Mercuria adquira os créditos de carbono gerados até 2030, com uma projeção potencial de mais de 50 milhões de créditos, o que pode gerar uma receita estimada em mais de R$ 2,5 bilhões para o Tocantins.
Bruno Aranha, CEO da Geonoma, apresenta projetos de crédito de carbono cujo os objetivos são impulsionar a conservação ambiental e o desenvolvimento sustentável.
Os recursos obtidos com a venda dos créditos de carbono são distribuídos por meio de um sistema de repartição de benefícios, alcançando os setores que contribuem para a redução do desmatamento e da degradação florestal. Entre os beneficiários estão povos indígenas, comunidades tradicionais, agricultores familiares e entre outros. Saiba mais no site do JREDD+.
Neste contexto, a Geonoma é responsável pelo cálculo dos dados de atividade e dos fatores de emissão para o desmatamento e a degradação em todo o território do Tocantins, além de elaborar o relatório de Mensuração, Verificação e Relato (MRV) — conjunto de processos e dados utilizados para quantificar e monitorar a emissão de GEE no Estado.
“O cálculo dos créditos de um projeto de REDD+ Jurisdicional é, à primeira vista, simples: selecionamos um período de referência, identificamos a quantidade de emissões e traçamos uma linha de base. Tudo que o Estado reduzir, depois do período de referência, vira crédito. Então, é um programa de redução que ‘premia’ políticas públicas para o controle e a redução do desmatamento. No entanto, explicar o programa REDD+ Jurisdicional apenas do ponto de vista da metodologia de geração dos créditos é uma casquinha da superfície do que um programa como esse pode trazer de benefícios para comunidades tradicionais, povos originários, quilombolas, pequenos agricultores, etc. O REDD+ Jurisdicional é o incentivo a uma série de políticas públicas que visam mudanças comportamentais para enxergarmos a floresta com valor, e não como um empecilho para o desenvolvimento”, explica Bruno Aranha, CEO da Geonoma.
Bruno Aranha, sócio-diretor da Geonoma e mestre e doutor em biologia vegetal pelo Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, acrescenta que a empresa-filha também atua com conservação de biodiversidade, sustentabilidade, estudo de estratégias de descarbonização, licenciamento ambiental, manejo e restauração ecológica, entre outras atividades.
INSTITUTO AXXUS: A BASE TEÓRICA E LEGAL PARA O INVENTÁRIO DE GEE
Para que as estratégias de descarbonização e geração de créditos de carbono sejam efetivas, a compreensão e a medição das emissões são etapas fundamentais. Nesse quesito, o Instituto Axxus, empresa-filha hospedada no Parque Científico e Tecnológico da Unicamp e também graduada na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp), oferece uma contribuição crucial ao atuar com inventário de gases de efeito estufa (GEE).
Renato Bottini, diretor de pesquisas do Instituto Axxus, emerge no contexto técnico e legislativo dos inventários de GEE.
A expertise do Instituto Axxus é primordial para empresas e governos que buscam quantificar e gerenciar suas pegadas de carbono. Renato Bottini, especialista em engenharia ambiental pela Unicamp e diretor de pesquisas do Instituto Axxus, destaca que a empresa não apenas aborda os aspectos técnicos e legislativos para a realização de inventários de GEE, mas também aprofunda-se nos principais gases que causam o efeito estufa, seus impactos climáticos e as metodologias internacionalmente reconhecidas para o cálculo das emissões. Entre as referências utilizadas estão as diretrizes do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), do Programa Brasileiro GHG Protocol, da ABNT NBR ISO 14.064-1 — norma técnica internacional que especifica e orienta organizações sobre como quantificar e relatar emissões e remoções de gases de efeito estufa — e entre outras.
O Instituto Axxus, além disso, realiza o trabalho de pesquisa e orientação sobre as exigências legais para a realização e o envio de inventários. Afinal, a capacidade de mensurar com precisão e em conformidade com a legislação é o primeiro passo para qualquer iniciativa de descarbonização. Isso permite que as ações de empresas como Ecomilhas e Geonoma sejam baseadas em dados sólidos e verificáveis.
“Compreender e medir as emissões de gases de efeito estufa é fundamental para qualquer jornada de descarbonização. Nosso objetivo é fomentar a sustentabilidade em diversos setores, oferecendo o suporte técnico e científico necessário para que as empresas, como parte do ecossistema de empresas-filhas da Unicamp, possam monitorar, reduzir suas emissões e, assim, promover sua competitividade e responsabilidade ambiental,” complementa Renato Bottini.
Saiba mais sobre o caso de sucesso do Instituto Axxus nesta matéria!
UNICAMP VENTURES: INOVAÇÃO VERDE
Todo esse panorama de sucesso e inovação, que reafirma o potencial do ecossistema de empresas-filhas da Unicamp como um silo de talentos que geram soluções para os desafios ambientais, foi apresentado no evento “Unicamp Ventures: inovação verde”, uma realização da Inova Unicamp com o grupo de empreendedores Unicamp Ventures em comemoração à Semana do Meio Ambiente.
A programação do evento foi estrategicamente organizada para apresentar aos participantes as principais tecnologias e soluções de inventário de GEE, descarbonização e créditos de carbono.
O meetup ocorreu no auditório do Instituto de Geociências (IG) da Unicamp e contou com a participação de 101 pessoas, além de consolidar um espaço de debate e networking sobre tendências e soluções para a inovação verde.
A moderação do evento ficou a cargo de Kátia Kishi, supervisora de comunicação da Inova Unicamp. A programação também incluiu a participação do professor Renato Lopes, diretor-executivo da Inova Unicamp, que apresentou os novos dados da Agência de Inovação Inova Unicamp, apontados em seu Relatório Anual de atividades referente a 2024.
“A Inova Unicamp atua como o motor do ecossistema de empreendedorismo e de inovação da Universidade, protegendo patentes, transferindo tecnologias e apoiando o desenvolvimento de empresas de base tecnológica. Os resultados de 2024, recém-lançados em nosso Relatório Anual, reforçam nosso compromisso com o desenvolvimento socioeconômico sustentável e a formação de novos casos de sucesso, especialmente no que tange à inovação verde, onde nossas empresas-filhas, como Ecomilhas, Geonoma e Instituto Axxus, lideram soluções importantes de descarbonização, créditos de carbono e inventários”, enaltece Renato Lopes.
Complementando a visão institucional do evento, o empreendedor Waldemar Felippe, egresso do Instituto de Computação (IC) da Unicamp e presidente-executivo do conselho do Unicamp Ventures, destacou o papel do grupo, que conecta e potencializa o sucesso da comunidade de empreendedores ligados à Unicamp. “Nossa missão é fomentar a cooperação e o pertencimento, agregando valor ao nosso ecossistema empreendedor, como o que vimos hoje com o foco na inovação verde”, completa Waldemar Felippe.
A cobertura fotográfica do evento está disponível no Flickr da Inova Unicamp.
SOBRE O GRUPO UNICAMP VENTURES
O Unicamp Ventures é uma rede de relacionamento dinâmica, composta por empreendedores de empresas-filhas da Unicamp. Com o propósito de unir os empreendedores da Unicamp, o grupo surgiu em 2006, durante o 1º Encontro de Empreendedores da Universidade, promovendo a troca de experiências e debates sobre temas estratégicos. Ao fortalecer esses vínculos a partir do apoio da Inova Unicamp, o grupo busca impulsionar o ecossistema de inovação e potencializar o desenvolvimento das empresas-filhas a partir das conexões.
Acesse o site do Unicamp Ventures para saber de outros eventos e iniciativas abertos ao público.
O QUE SÃO EMPRESAS-FILHAS?
São consideradas empresas-filhas da Unicamp os empreendimentos fundados por alunos, egressos (ex-alunos), funcionários, docentes, pesquisadores ou outras pessoas que têm ou tiveram algum vínculo com a Universidade. Além disso, enquadram-se nessa categoria as empresas incubadas ou graduadas na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp), ou os negócios que possuem em seu core business um conhecimento, protegido ou não, desenvolvido na Unicamp, conhecidas como spin-offs acadêmicas.
As empresas que cumprem algum desses requisitos estão aptas para serem cadastradas como filhas da Unicamp. O cadastro é gratuito e deve ser efetuado no site da Inova Unicamp. Cadastre-se aqui!
SOBRE A INOVA UNICAMP
A Inova Unicamp é o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) da Universidade e atende a todos os campi. A Agência de Inovação Inova Unicamp foi criada em 2003 com o objetivo de identificar oportunidades e promover atividades que estimulam a inovação e o empreendedorismo, ampliando o impacto do ensino, da pesquisa e da extensão em favor do desenvolvimento socioeconômico sustentado.
A Agência apoia a comunidade na proteção da propriedade intelectual da Unicamp, na transferência de tecnologia, na consolidação de convênios de Pesquisa e Desenvolvimento entre a Unicamp e o setor empresarial. Ela também é responsável pela gestão do Parque Científico e Tecnológico da Unicamp e da sua Incubadora de Empresas de Base Tecnológica (Incamp), além de fomentar a comunicação e a cultura de empreendedorismo e inovação com programas de relacionamento institucional e capacitações.
Para saber mais, acesse os serviços em: www.inova.unicamp.br