22 mar A importância dos métodos de gestão para o sucesso de uma empresa
Com metodologias versáteis, consultorias apostam nos serviços de gestão para oferecer resultados e possibilidades de crescimento.
Texto: Karen Canto* | Foto: Willian Iven by Unsplash
Apesar de utilizar ferramentas de gestão desde os 12 anos de idade, quando auxiliava pequenos comerciantes a gerenciarem seus negócios, foi preciso que Jonathan Boilesen visse sua empresa falir para compreender a importância dos sistemas de gestão. “Vi meu próprio negócio quebrar porque não tive maturidade para implementar a gestão dentro da minha empresa” conta Boilesen, que encarou o infortúnio como um ponto de inflexão. O ex-aluno do Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas (IC Unicamp) conta que, com a lição aprendida, se especializou em metodologias ágeis e fundou a Boilesen – Inteligência, Estratégia e Inovação.
Fundada em 2015, a empresa oferece crescimento estruturado e sustentável para micro, pequenas e médias empresas através de processo baseado em uma metodologia conhecida mundialmente, o Mindset Agile (mentalidade ágil). “Nós desenvolvemos um método pioneiro na aplicação de metodologias ágeis na administração em nível estratégico.” explica o CEO e fundador da Boilesen sobre o diferencial da consultoria da empresa-filha da Unicamp.
Dicas para aplicar uma administração ágil
Os métodos ágeis surgiram na Tecnologia da Informação e, no início deste século, se consolidaram como uma metodologia que pode ser usada para resolver problemas comuns a quase toda organização que precisa gerenciar projetos. Baseada nesses métodos ágeis, a administração ágil desenvolvida pela Boilesen utiliza o conceito de desenvolvimento incremental aplicado à estratégia. Ou seja, ao mesmo tempo em que aponta o direcionamento estratégico, alinhando expectativas e sonhos da equipe com os objetivos da empresa, a consultoria também foca no autoconhecimento pessoal, profissional e intelectual dos envolvidos, ensinando a desenvolver estratégias e fazê-las funcionar.
Outro aspecto da metodologia ágil que a empresa também oferece aos seus clientes é colocar o usuário no centro das ações, implantando administração e gestão de maneira não impositiva. Assim, os executivos participam de todo o processo, fazem suas próprias escolhas e participam da gestão da empresa, exercitando a capacidade de análise sobre situações e oportunidades reais, ao mesmo tempo em que contam com o suporte da consultoria.
Alguns princípios da Administração ágil compreendem valorizar:
- Indivíduos e suas interações mais que processos e ferramentas
- Empresas funcionais e saudáveis mais que documentação, hierarquia e burocracia
- Colaboração com os clientes mais que negociações e contratos
- Adaptação e resposta rápida a mudanças mais que seguir um plano fixo
Para Boilesen, a combinação de uma visão holística do negócio com conhecimentos em tendências de mercado, controle financeiro e design de produtos e serviços aliados a ferramentas ágeis como Scrum e eXtreme Programming (XP), permitem obter resultados consideráveis num curto espaço de tempo.
“Temos exemplos de empresas que, após um mês de implantação da administração ágil, foram capazes de triplicar seu faturamento. E o mais importante é que todo esse processo é realizado sem desconsiderar o fator humano.” Jonathan Boilesen, CEO da Boilesen.
Gestão como ferramenta para gerenciar na pandemia
Boilesen chama atenção para a importância de ter um sistema de gestão estruturado para enfrentar uma crise como a que estamos vivendo. “Em épocas de crise, a saída é investir em inovação. Porém, inovação sem gestão implica em risco. Se, por exemplo, uma empresa teve seu orçamento afetado pela crise e não souber gerenciar de forma eficiente seus recursos, ela não conseguirá inovar. Nesse sentido, a gestão acaba sendo a melhor ferramenta para uma empresa atravessar uma crise com êxito.”
A mesma percepção da necessidade de uma gestão eficiente para enfrentar o desafio da pandemia é compartilhada por Eduardo Gouveia Monteiro, pós-graduado em Engenharia da Qualidade pela Unicamp, que teve que reestruturar os processos internos de sua empresa para manter seus serviços disponíveis no formato online. Ele atua há 15 anos com assuntos regulatórios e gestão de qualidade em empresas da área da saúde com a empresa-filha EG Mont Assessoria e Consultoria, fundada em 2002 e que oferece consultoria, auditoria e treinamento para empresas voltadas ao setor de produtos e dispositivos de saúde.
Com o novo panorama da pandemia da COVID-19, Monteiro conta que muitas empresas solicitaram serviços de auditoria para testarem seus sistemas, porém, com a suspensão das atividades presenciais, a EG Mont teve que desenvolver um sistema de auditoria remota utilizando plataformas de vídeo chamada e softwares voltados à gestão da qualidade, como o 8Quali, o que permitiu continuar oferecendo o serviço de auditoria mesmo à distância. Além da auditoria remota, a EG Mont também se reinventou no que diz respeito aos treinamentos oferecidos, que passaram a ser online e acabaram trazendo uma série de vantagens como a redução de viagens e implementação de videoaulas divididas em períodos mais curtos e produtivos. “Com a pandemia, nós comprovamos a importância da gestão e utilizamos as ferramentas a nosso favor, para nos reestruturarmos e nos adequarmos à nova realidade.” explica Monteiro.
Monteiro também acrescentou que na área de saúde é muito comum ver startups que já passaram por processos de aceleração, já buscaram investimentos e estão com o modelo de negócio pronto, mas perceberem que precisam de uma série de licenças, autorizações e registros sem os quais não é possível prosseguir. “Esses requisitos são impeditivos regulatórios que podem inviabilizar um negócio, caso não sejam providenciados com antecedência”, conta o CEO da EG Mont a fim de exemplificar a importância da gestão regulatória ainda no desenvolvimento do plano de negócios para empresas e startups com interesse na área de produtos e dispositivos de saúde.
Dicas de gestão para quem está começando
Para quem está ingressando no mundo do empreendedorismo e ainda não tem aporte financeiro para contratar um serviço especializado em gestão, os consultores dão algumas sugestões.
Boilesen pondera que o fundamental é encontrar seu cliente e descobrir as necessidades dele. Muitas vezes é mais importante saber gerenciar as sequências de pedido, produção e recebimento, do que ter um grande capital inicial e sugere: “Não deixe sua visão de longo prazo tirar sua capacidade de enxergar oportunidades de curto prazo.”
Monteiro pontua a importância de pequenas empresas e startups não ficarem dependentes de subsídios das agências de financiamento.
“Algumas startups ficam incubadas por muitos anos e acabam perdendo oportunidades de experimentar as dinâmicas de mercado que são essenciais até mesmo para perceber suas necessidades, como precisar de uma pivotagem, por exemplo” Eduardo Gouveia Monteiro, CEO da EG Mont
Nesse sentido, Monteiro ressalta que, além de entender os processos de incubação, aceleração e obtenção de investimentos, também é fundamental que as startups entendam seu mercado e sua concorrência, o que pode representar desafios importantes no futuro. “Tenho observado, na minha área de atuação, startups muito especializadas nos processos, mas que não estão dando a mesma atenção às particularidades do mercado em que pretendem ingressar. Esse conhecimento é imprescindível já que não se pode ser startup para sempre.” conclui Monteiro.
Karen Canto* é graduada e mestra em química pela UFRGS, doutora em Ciências pela Unicamp, especialista em jornalismo científico pelo Labjor/Unicamp e bolsista Mídia Ciência (Fapesp).